Santa Tartaruga

"Let's get together and feel all right"



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Saldo sujeito

Se você ingeta ar no verbo, ele se perde no tempo
Ou você pode fazer luzir o lazer

Hoje fui dormir com pé de sementes
Um manoel despertou-me da mania de objetos celestes

Perdi-me das dimensões métricas de universo
Agora sou paraphernália paralela

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Olhos de Ressaca

Tá aí a perdição de Bentinho: Tal qual droga, o amor aguçou-lhe os sentidos. Fitou os olhos da amada e esses lhe tragaram. Danou-se para sempre, impotente e vertiginoso, por debaixo das páupebras de Capitu.





*Talvez por isso o olhar macro seja restringido à tecnologia, que não morre, nem se apaixona.
http://www.behance.net/gallery/Your-beautiful-eyes/428809

terça-feira, 3 de julho de 2012

Ainda sem título

Primeiro texto do Santa T. com dedicatória: Atenção!


Dedico este texto ao meu amigo Thiago Barros, o passarinho, com quem já tive a oportunidade de decolar muitas vezes. Juntos e reunidos numa pessoa só.

Pessoas não servem para enfeitar salas de estar
nem passarinhos para gaiolas
é verdade que a vida sempre exige um pouco mais dos tolos,
mas também torna artistas aqueles que abrem mão da lucidez

e assim como as asas podem muito mais que voar
assim é o peixe que se atreve a sair do mar.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Chico

Chico

Desde que conheci Chico, me apaixonei por sua arte, ansiava pelo momento: O momento. 
Não me recordo, com precisão, com que idade passei a me interessar por sua obra. Mas, confesso que esperei seis anos em contagem regressiva pela ocasião de seu show ao vivo. Seis anos por causa de uma conta maluca que eu fiz em 2006. Pela minha lógica, esse seria o "hiato" até o próximo show, como de fato aconteceu. Até que não houve desconforto na espera. Com o tempo eu pensava comigo mesmo: "Não se afobe não que nada é para já, o amor não tem pressa, ele pode esperar em silêncio... num fundo de armário, na posta-restante, milênios, milênios no ar..."


20/01/2012
Atrasei-me. Confesso, minha irresponsabilidade nunca custou tão caro. Quase uma frustração terrível e meu coração em “disparada” inquietude. Eu ainda não estava com o ingresso, e a situação e demora só me deixavam mais "injuriado". Enfim adentro o recinto e lá está o “velho Francisco”, “de volta ao samba”. Para meu “desalento” o show havia começado há tempos (cinco músicas). Procuro meu lugar, achei: topei com alguns (des)conhecidos meus, me dão boa noite. “Boa noite!”. E neste momento em que me acomodo, ainda com as mãos trêmulas, blazer, corpo suado e sem a exata noção do momento, finalmente olho para o palco: 
Puta que pariu!

...

Não sei se quem esteve presente foi meu corpo ou minha alma, mas recordo-me que durante o espetáculo não houve sincronia entre esses dois. Aliás, penso que não houve tempo para assimilar a situação que eu vivia, mas justamente o próprio Chico "narrava" o que eu vivia: "penso que não dure muito a nossa novela, mas o blues já valeu a pena", dizia ele fixando os olhos nos meus (porra nenhuma). Passei batido junto com a efemeridade do momento e com suas musas, suas faces e facetas: Genis e Zepelins, Anas e Anos Dourados, de Amsterdan, de Holanda, Terezas e Ninas, todas lindas.
Penso que fui vítima de suas canções. Não sei exatamente quando fui arrebatado, Chico falava grego com a minha imaginação, quanto ao meu coração, ora inflava, ora esmagava. Ah, “se eu soubesse” que a arte, mais especificamente a música, e mais intensamente a música de Chico seria “todo o sentimento” que eu julgara "a felicidade"... ah, se eu soubesse, não dava mole à sua pessoa, nem caia na sua conversa mole. Mas acontece que eu sorri. Eu sorri simplesmente e essa expressão congelou em minha face durante aqueles segundos de show. Chico cantava, cantava... jamais o vi tão lindo assim. Chorei, chorei. Chico transitava entre o intenso e o brando e eu ali, como quem não sabe o que sentir. Chico "tem um jeito manso que é só seu", um jeito de fazer rodeios, com lirismo e meneio de poeta e me deixar em brasa e invadir a alma como se minh'alma fosse a sua casa. O que havia de ser vivido, vivi, não sei como, nem onde, nem por quanto tempo, ao ponto que quase me convenço de que nunca estive lá. 
Não me afobo mais, sei que nada é para já, afinal amores serão sempre amáveis...
Como disse o show evaporou, e Chico foi cantando sem pudor a sua última canção... despediu-se: "hora de ir embora quando o corpo quer ficar, toda alma de artista quer partir. Arte de deixar algum lugar quando não se tem para onde ir..."

Ao fim de tudo, louco, feliz e louco eu dialogava com as músicas. Como se Chico me dissesse: "bem vindo ao clube, doidão", não em rap, mas com uma serena canção: "pense em como eu vim de leve, machuquei você de leve e me retirei com pés de lã. Sei que o seu caminho amanhã será tudo de bom, mas não me leve. O meu coração parece que perde um pedaço. Passou este verão, outros passarão, eu passo."
Então convenci-me que apesar de tão efêmero, repentino, tal qual o poeta, o show fora muito bonito. Interpretei Chico, e pude contemplar o tempo alcançar a glória e o artista o infinito.


*O leitor mais atento notará no texto a incidência de alguns "sei" e "não sei" e "achismos". A narrativa de fato é uma experiência que me causou confusões e discrepância dos sentidos. Falo dela por especulações do que suponho que tenha sido. Queria mesmo ir de novo.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Iaí, meu? Iaí?

Já diria Drummond: "A bunda que engraçada". Sem discorrer sobre a analogia EUA x bunda, vamos direto ao assunto: tiraram o Megaupload do ar sob acusação de "ter facilitado a pirataria", ferir direitos autorais e tudo mais. Leia a notícia. Pois bem, supondo que eu cancele a assinatura da banda larga e use o dinheiro para comprar mídias de cd e dvd em camelôs. Nada de cadastro no CNPJ, nem contribuição para INSS (no caso do Brasil). Nessas mídias eu gravaria diversos filmes, séries e álbuns de música e daria aos meus amigos, que por sua vez poderiam gravá-los em seus computadores e fazer o mesmo. Não satisfeito, eu pegaria uma parte desse dinheiro para folhas e cartucho de tinta, xerocaria livro(s) e também daria ou emprestaria a outros. Não houve pirataria até então e eu fiz todas as gravações pelo programa Nero legítimo e as xerox pela minha multifuncional HP Office Jet. Que medidas tomariam para censurar a volta que eu dei no Copyright? Ao que parece, até o FBI e o Departamento de Justiça dos EUA, dentre outros já foram hackeados, depois que o Megaupload foi retirado do ar. Como diria um desses memes muito engraçados: "Agora a porra ficou séria". Estamos falando de sistemas de segurança pública. A porra ficou seríssima. Seriam os "subversivos" os mantenedores da democracia ou seriam eles apenas nerds "mimados"? A questão é que eles estão agindo. E cá nós, América inferior (geograficamente), que faríamos sem nossos sites de compartilhamento de dados? Correntes no facebook? Flashmob? Música? Aplausos aos "combatentes" do sistema? Vou assistir Matrix e Clube da Luta e dar uma folheada no Manifesto Comunista. Já volto, com algumas sugestões.