O que se espera de um policial que recebe uma proposta de suborno de um infrator pego em flagrante? Resposta tão óbvia que o hábito resolveu inovar.
No dia 28/07 foi ao ar em alguns telejornais a notícia de que um mecânico, que teve o veículo apreendido por estar com documentação vencida há 5 anos, tentou subornar um policial com um "café"(R$70,00). O policial que estava com o gravador do celular ligado, no bolso, prendeu o motorista por tentativa de suborno.
Confesso que sinto alguma satisfação em ver um policial cumprindo legalmente seu dever, mas nada além disso.
Tive ainda a impressão de que o militar foi tratado como herói por cumprir a sua obrigação. Sabe aquela expressão: "Em terra de cego, quem tem um olho é rei."? Na nossa polícia, no nosso congresso, na nossa câmara o honesto é excessão. A regra é ser malandro.
Ouvi, certo dia desses, um cidadão carioca, indignado com certos acontecimentos, dizer que esta cidade (Rio de Janeiro), a minha cidade é comandada por corruptos, milicianos e traficantes.
Há nisso algum fundo de verdade, mas noticiar e ressaltar esse tipo de pensamento com ênfase só denigre a imagem de uma cidade e país tão promissores. A baixo os clichês, tais como: "não se pode mais confiar em nenhum político", ou "nada vai mudar", ou "ainda seremos uma potência", ou "quero ver nas olimpíadas". Sem sugerir nenhuma imediata solução, eu só queria que os cariocas amassem mais esta cidade. Que olhassem pra sua miséria com compaixão. Que olhassem para suas belezas com lágrimas nos olhos. Que olhassem para as suas leis com mais atenção.
Olhando a velha pirâmide social que hoje só comporta a aristocracia e o povo, observo um velho retrato de nossa colonização: O gentil português nos presenteando com um espelho, tal qual uma maçã, para nos envergonharmos de nossa nudez. E levando em troca nossa árvore, nosso paraíso para gerar a receita de que nunca precisamos.