Santa Tartaruga

"Let's get together and feel all right"



terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

substancial

Difícil classificar a obra de arte como ruim ou boa, não? Talvez porque o sentido pode ser sugerido na proposta do artista ou solicitar complemento, que nasce no "olhar" do espectador. Isso pode confundir a classificação. De modo que o artista parece ter o arbítrio da imaginação e livremente criar. E me refiro aos que criam arte, ainda que sofram influências de outros artistas e/ou movimentos. Mas trabalhemos com a distinção entre influência de movimento artístico (seja o rock, a pintura surrealista ou a culinária maranhense) e padronização estética. Esta última é frequente no cinema e na música. Reparem.

Pois bem. Permitam-me fazer uma comparação: que tal o jornalista, tal qual o artista, libertar-se para criar? Ora, não iria nada mal se a tendência fascista do “padrão” dormisse antes de acordar.
Perdoem o versinho tolo, mas penso que o modo jocoso atrai o leitor curioso para uma prosa que parece tonta, mas ta quase pronta pra sacudir os miolo.
Ai, quem me dera que eu fosse Tom Zé que faz que fala de sacanagem, mas trata de uma puta malandragem pra dizer ao povo das fuleragens que os homens dizem que é normal.

Um exemplo bacana: meus colegas de turma que organizaram a Semana Acadêmica de Jornalismo na Rural fizeram uma entrevista com o jornalista Juan Arias. Ele é correspondente do El País (jornal espanhol) e contou de uma ideologia da publicação: “fazer o melhor jornal possível, para atingir ao leitor ideal”. Algo nesse sentido. Leitor ideal me parece que seria aquele que sabe olhar o jornal de forma crítica, que vê a publicação como um conteúdo a ser refletido, antes de consumido. Ideal, ideal mesmo também seria aquele leitor que conhece os seus direitos como cidadão no que tange ao direito à informação e deveres dos veículos de comunicação e aquele que enxerga os meios de comunicação como canais que devem levar informação, olhares, apontamentos, denúncias. Basicamente, desvendar as nuances da sacanagem pública.

Voltando à comparação/inspiração, penso que escrever sob a égide dessas prerrogativas daria ao repórter o arbítrio da imaginação. Sim, meu caro. A criatividade é substancial à prática jornalística. E a libertação desses modelos de abordagens dos assuntos e redação das matérias também enriqueceria igualmente a causa. Arias diz que escrever para o leitor ideal também implica fazer o melhor jornal possível. Isso não significa, todavia, atribuir ao leitor a responsabilidade de possuir uma gama de conhecimentos necessários para adentrar no texto. Como na arte, é a sensibilidade a chave mestra do acesso à obra.

Nessa esdrúxula comparação, vislumbro a interseção das partes principalmente na paixão. Pela obra, pela causa, não importa. No entanto, há que se fazer ainda uma distinção crucial: não havendo o espectador ideal para a arte, consideremos que distinguir a reportagem boa da ruim não é tarefa tão árdua. A prática ajuda.

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