Tratar desigualmente os desiguais
Como as políticas públicas de cotas raciais se comportam no Brasil
As políticas públicas são conjunto de ações, atividades e
programas desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente, através de
organizações civis e privadas. Seu principal objetivo é garantir e viabilizar
os direitos assegurados a cada cidadão pela Constituição e outros instrumentos
legais.
Educação, saúde, cultura, são alguns dos direitos civis assegurados
pela legislação brasileira, que devem ser contemplados pelas políticas
públicas. As cotas raciais e sociais, o programa Mais Médicos e os Pontos de
Cultura são exemplos de políticas públicas.
Essas medidas passam por um processo de planejamento,
criação e execução, que é dividido entre os três poderes: o Legislativo pode
propor as leis, o Executivo também pode propor e deve aplicar, e o Judiciário
controla a lei e confirma sua eficácia para o cumprimento do objetivo.
Considerando que a desigualdade social e o racismo estão
entre os principais problemas do país, uma das políticas públicas mais significativas
nesse aspecto, nos últimos anos são as cotas raciais. Implementadas no Brasil em
2000, a começar pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), as cotas
raciais atualmente são obrigatórias em todas as universidades públicas do país
e também contemplam outros meios de processo seletivo.
As cotas são políticas afirmativas de inclusão social de
grupos de determinadas origens em meios que se notam sua exclusão por terem
menos chances de acesso e não geram custos para o governo. O conceito conhecido
como equidade aristotélica é um dos argumentos filosóficos e políticos para
políticas como essas. Segundo o filósofo grego, é preciso “tratar desigualmente
os desiguais para se promover a efetiva igualdade”. Adotar esse sistema, no
Brasil, consiste em reservar parte das vagas subdivididas em categorias como
pretos, pardos e indígenas. Assim, espera-se combater a desigualdade social,
econômica e educacional estimulada pelo racismo.
Segundo dados divulgados em
reportagem da Agência Brasil em maio deste ano, o percentual de pretos e pardos
que concluíram a graduação cresceu de 2,2%, em 2000, para 9,3% em 2017. Mesmo
não tendo alcançado o número de brancos diplomados, cujo percentual é de 22%,
nenhum país, em 17 anos quadruplicou o ingresso desses grupos na universidade,
além do Brasil. O que em dados objetivos sugere que houve mais inclusão, embora
seu período de implementação seja relativamente curto. Ainda assim, cria alguma
expectativa de avanço.
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