Inflação
O que é, causas e tipos
A inflação, segundo Marco Antônio Vasconsellos
(2011), pode ser definida como um aumento contínuo e generalizado no nível
geral de preços. Ou seja, os movimentos inflacionários são dinâmicos e não
podem ser confundidos com altas esporádicas de preços. Devem também ser
generalizados, porque a maioria dos preços deve ser sincronizada numa escala
altista.
As causas mais comuns para a inflação
são o excesso de demanda agregada (inflação de demanda) e a elevação dos custos
de produção (inflação de custo). A inflação de demanda é considerada o tipo
mais clássico de inflação e pode ser entendida como “mais dinheiro a procura de
poucos bens”. Quanto mais perto do pleno emprego uma economia estiver, menor
será possibilidade para rápida expansão da produção, o que levará o excesso de
demanda repercutir numa elevação dos preços. Tendo em vista que, a curto prazo,
a demanda é mais sensível a mudanças nas políticas econômicas do que a oferta
agregada, as ferramentas utilizadas para o controle desse tipo de inflação vão
ser aquelas que reduzirão a procura por bens, as quais: elevação da taxa de
juros, restrição de crédito, aumento de impostos etc.
A inflação de custos pode ser
associada a uma inflação tipicamente de oferta. Nesse tipo de inflação, o nível
de demanda se mantém constante, mas os custos de certos insumos importantes
aumentam e isso se reflete no preço final dos produtos. O preço de um bem ou de
um serviço costuma estar intimamente ligado aos seus custos de produção, logo,
se seus custos sobem, seu preço também aumentará. A explicação mais frequente
relacionada a inflação de custos é derivada dos chamados choques de oferta (aumento
dos preços de matéria prima, choques agrícolas etc.). Assim, por exemplo, nos anos
1970, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) reduziu drasticamente
sua produção de petróleo, o que elevou consideravelmente seus preços no mercado
internacional. Para países importadores de petróleo, como o Brasil, isso significou
um aumento dos seus custos de produção que acabou sendo refletido nos seus preços.
Para combater esse tipo inflação pode ser utilizada a política de rendas: o controle
direto dos preços, pelo tabelamento de preços ou políticas salariais rígidas.
Outros fatores menos tradicionais de
inflação são derivados da inercia inflacionária e das expectativas de inflação
futura. No Brasil esses fatores têm relevância histórica. A visão inercialista
afirma que os mecanismos de indexação formal (aluguéis, contratos, salários) e
informal (reajustes de preços no comércio, indústria) provocam a perpetuação de
taxas inflacionárias anteriores, que são sempre repassadas aos preços
correntes. Por isso, em 1986, as autoridades brasileiras congelaram os preços e
os salários na tentativa de eliminar a chamada memória inflacionária, ou seja, desindexaram
a economia. Outro recurso foi troca de unidade, o que fez com que, durante um
período coexistissem uma moeda inflacionada (como o cruzeiro real) e uma moeda
teoricamente sem inflação (o real), indexada ao dólar ou uma cesta de moedas estrangeiras.
A inflação de expectativas estaria associada
aos aumentos de preços provocados pelas expectativas dos agentes de que a
inflação futura tende a crescer, e eles procuram resguardar suas margens de
lucro. No Brasil, esse fator tem sido muito presente antes de mudanças de
governo, com os empresários precavendo se contra eventuais congelamentos de
preços e salários, que tem sido uma estratégia frequente nos planos pós-86
(chamados de choques heterodoxos).
Por fim, é importante também mencionar
a visão da chamada corrente estruturalista, muito importante nos estudos de
economia da América Latina a partir dos anos 1950. Essa corrente afirmava que a
inflação do continente estaria estreitamente ligada a tensões de custos,
causadas pela ineficiência da estrutura econômica e das estruturas agrárias, de
oligopólio de mercados e do comercio internacional já estabelecidas. Devido a
latifúndios pouco preocupados com questões de produtividade, a agricultura não
responderia ao crescimento da demanda de alimentos, o que elevaria seus preços;
por sua vez, os grandes oligopólios sempre teriam condições de manter suas
margens de lucros repassando todos seus aumentos de custos a seus preços; e,
por último, a inflação seria provocada pelas desvalorizações cambiais que os
países subdesenvolvidos são obrigados a promover, para compensar o déficit
crônico da balança comercial, gerado pela deterioração dos termos de troca no
comércio internacional, contra países subdesenvolvidos, por exportarem produtos
primários e importarem produtos manufaturados.
Referência Bibliográfica
VASCONSELLOS, Marco Antônio. Economia
Micro e Macro. 4ªed. São Paulo. Ed.:
Atlas.
2011.