Santa Tartaruga

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Pensando Economia

Inflação

O que é, causas e tipos


A inflação, segundo Marco Antônio Vasconsellos (2011), pode ser definida como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços. Ou seja, os movimentos inflacionários são dinâmicos e não podem ser confundidos com altas esporádicas de preços. Devem também ser generalizados, porque a maioria dos preços deve ser sincronizada numa escala altista.

As causas mais comuns para a inflação são o excesso de demanda agregada (inflação de demanda) e a elevação dos custos de produção (inflação de custo). A inflação de demanda é considerada o tipo mais clássico de inflação e pode ser entendida como “mais dinheiro a procura de poucos bens”. Quanto mais perto do pleno emprego uma economia estiver, menor será possibilidade para rápida expansão da produção, o que levará o excesso de demanda repercutir numa elevação dos preços. Tendo em vista que, a curto prazo, a demanda é mais sensível a mudanças nas políticas econômicas do que a oferta agregada, as ferramentas utilizadas para o controle desse tipo de inflação vão ser aquelas que reduzirão a procura por bens, as quais: elevação da taxa de juros, restrição de crédito, aumento de impostos etc.

A inflação de custos pode ser associada a uma inflação tipicamente de oferta. Nesse tipo de inflação, o nível de demanda se mantém constante, mas os custos de certos insumos importantes aumentam e isso se reflete no preço final dos produtos. O preço de um bem ou de um serviço costuma estar intimamente ligado aos seus custos de produção, logo, se seus custos sobem, seu preço também aumentará. A explicação mais frequente relacionada a inflação de custos é derivada dos chamados choques de oferta (aumento dos preços de matéria prima, choques agrícolas etc.). Assim, por exemplo, nos anos 1970, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) reduziu drasticamente sua produção de petróleo, o que elevou consideravelmente seus preços no mercado internacional. Para países importadores de petróleo, como o Brasil, isso significou um aumento dos seus custos de produção que acabou sendo refletido nos seus preços. Para combater esse tipo inflação pode ser utilizada a política de rendas: o controle direto dos preços, pelo tabelamento de preços ou políticas salariais rígidas.

Outros fatores menos tradicionais de inflação são derivados da inercia inflacionária e das expectativas de inflação futura. No Brasil esses fatores têm relevância histórica. A visão inercialista afirma que os mecanismos de indexação formal (aluguéis, contratos, salários) e informal (reajustes de preços no comércio, indústria) provocam a perpetuação de taxas inflacionárias anteriores, que são sempre repassadas aos preços correntes. Por isso, em 1986, as autoridades brasileiras congelaram os preços e os salários na tentativa de eliminar a chamada memória inflacionária, ou seja, desindexaram a economia. Outro recurso foi troca de unidade, o que fez com que, durante um período coexistissem uma moeda inflacionada (como o cruzeiro real) e uma moeda teoricamente sem inflação (o real), indexada ao dólar ou uma cesta de moedas estrangeiras.

A inflação de expectativas estaria associada aos aumentos de preços provocados pelas expectativas dos agentes de que a inflação futura tende a crescer, e eles procuram resguardar suas margens de lucro. No Brasil, esse fator tem sido muito presente antes de mudanças de governo, com os empresários precavendo se contra eventuais congelamentos de preços e salários, que tem sido uma estratégia frequente nos planos pós-86 (chamados de choques heterodoxos).

Por fim, é importante também mencionar a visão da chamada corrente estruturalista, muito importante nos estudos de economia da América Latina a partir dos anos 1950. Essa corrente afirmava que a inflação do continente estaria estreitamente ligada a tensões de custos, causadas pela ineficiência da estrutura econômica e das estruturas agrárias, de oligopólio de mercados e do comercio internacional já estabelecidas. Devido a latifúndios pouco preocupados com questões de produtividade, a agricultura não responderia ao crescimento da demanda de alimentos, o que elevaria seus preços; por sua vez, os grandes oligopólios sempre teriam condições de manter suas margens de lucros repassando todos seus aumentos de custos a seus preços; e, por último, a inflação seria provocada pelas desvalorizações cambiais que os países subdesenvolvidos são obrigados a promover, para compensar o déficit crônico da balança comercial, gerado pela deterioração dos termos de troca no comércio internacional, contra países subdesenvolvidos, por exportarem produtos primários e importarem produtos manufaturados.

Referência Bibliográfica
VASCONSELLOS, Marco Antônio. Economia Micro e Macro. 4ªed. São Paulo. Ed.:
Atlas. 2011.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Pensando Economia

Tratar desigualmente os desiguais

Como as políticas públicas de cotas raciais se comportam no Brasil



As políticas públicas são conjunto de ações, atividades e programas desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente, através de organizações civis e privadas. Seu principal objetivo é garantir e viabilizar os direitos assegurados a cada cidadão pela Constituição e outros instrumentos legais.

Educação, saúde, cultura, são alguns dos direitos civis assegurados pela legislação brasileira, que devem ser contemplados pelas políticas públicas. As cotas raciais e sociais, o programa Mais Médicos e os Pontos de Cultura são exemplos de políticas públicas.

Essas medidas passam por um processo de planejamento, criação e execução, que é dividido entre os três poderes: o Legislativo pode propor as leis, o Executivo também pode propor e deve aplicar, e o Judiciário controla a lei e confirma sua eficácia para o cumprimento do objetivo.
Considerando que a desigualdade social e o racismo estão entre os principais problemas do país, uma das políticas públicas mais significativas nesse aspecto, nos últimos anos são as cotas raciais. Implementadas no Brasil em 2000, a começar pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), as cotas raciais atualmente são obrigatórias em todas as universidades públicas do país e também contemplam outros meios de processo seletivo.

As cotas são políticas afirmativas de inclusão social de grupos de determinadas origens em meios que se notam sua exclusão por terem menos chances de acesso e não geram custos para o governo. O conceito conhecido como equidade aristotélica é um dos argumentos filosóficos e políticos para políticas como essas. Segundo o filósofo grego, é preciso “tratar desigualmente os desiguais para se promover a efetiva igualdade”. Adotar esse sistema, no Brasil, consiste em reservar parte das vagas subdivididas em categorias como pretos, pardos e indígenas. Assim, espera-se combater a desigualdade social, econômica e educacional estimulada pelo racismo.

Segundo dados divulgados em reportagem da Agência Brasil em maio deste ano, o percentual de pretos e pardos que concluíram a graduação cresceu de 2,2%, em 2000, para 9,3% em 2017. Mesmo não tendo alcançado o número de brancos diplomados, cujo percentual é de 22%, nenhum país, em 17 anos quadruplicou o ingresso desses grupos na universidade, além do Brasil. O que em dados objetivos sugere que houve mais inclusão, embora seu período de implementação seja relativamente curto. Ainda assim, cria alguma expectativa de avanço.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Pensando Economia


Onde investir?

Uma alternativa para quem quer rentabilizar


Talvez por causa da influência dos filmes norte americanos, talvez por falta de incentivo e esclarecimento, quando se fala em investimento é comum pensarmos logo em Bolsa de Valores ou Poupança. Embora essas sejam as formas de investimento mais populares, existe outras maneiras de aplicar o capital com a expectativa de vê-lo aumentar.

É comum ouvir de economistas que não há um tipo de investimento melhor que outro e que o perfil do investidor indica as melhores alternativas. Isso porque existem muitos tipos, cada um com seus riscos e benefícios.

O Tesouro Direto é uma das maneiras de rentabilizar o dinheiro sem riscos e até com retorno maior que a famigerada Poupança. Considerada opção segura e de baixo custo, trata-se de um programa de negociação de títulos públicos para pessoas físicas. É como um empréstimo ao governo e que depois de certo tempo é devolvido com juros.

Antes da criação do Tesouro Direto, em 2002, somente os grandes investidores tinham acesso aos títulos públicos diretamente do governo. Hoje, é possível investir pela internet com o valor mínimo de R$ 30.

As vantagens dessa forma são que tem rendimento mais alto do que alguns fundos de investimento; não demanda grandes quantias e os títulos podem ser comprados num banco, corretora de valores ou site oficial. Por outro lado, os títulos adquiridos tem uma data de vencimento previamente definida, que o investidor deve estar disposto a esperar. Caso contrário, poderá vender de volta para o governo antecipadamente, mas a rentabilidade vai variar conforme as condições de mercado.

Essa é apenas uma forma de investimento, que se enquadra para quem não dispõe de grande quantias. Mas vale a pena conferir outras maneiras e comparar.

Pensando Economia

O BRICS vem aí

Bloco econômico pode estar entre os seis maiores PIBs do mundo em 30 anos


Há muitas formas de se medir as riquezas de um país. Quanto aos valores monetários, pode-se dizer que o Produto Interno Bruto, conhecido pela sigla PIB, é a forma mais básica para esse cálculo. Ele representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos numa região.

Um PIB alto não significa exatamente que um país é uma potência, na verdade ele serve para aferir a atividade econômica de uma determinada localidade e em determinado período.
Atualmente o Brasil é o país com o nono maior PIB do mundo, segundo o IBGE. É possível afirmar que os últimos 20 anos contemplam um dos períodos de maior crescimento econômico no país. Ou ainda, período em que o Brasil alcançou certa estabilidade econômica. No ano de 2010, chegou a atingir um crescimento de 7,5% em relação a 2009.

Outros países que também viveram um momento econômico parecido com o nosso recentemente formaram um bloco econômico, incluindo Rússia, Índia, China e África do Sul, reconhecidos como Brics, termo criado pelo economista inglês Jim O’Neil, em 2001. Em relação ao crescimento econômico, o BRICS hoje é responsável por cerca de 24% do PIB mundial. Entre 2001 e 2017, as exportações totais dos países do BRICS foram de US$ 49 bilhões para US$ 3,22 trilhões, um crescimento de 6500%. O comércio entre os integrantes do bloco também teve aumento significativo, passando de US$ 21 bilhões para US$ 288 bilhões, mais de 1300%.

Embora durante algum tempo, esses países tenham registrado crescimento, relativamente semelhante, alguns se destacam na perspectiva mundial. De acordo com o site World Economic Forum e o relatório da empresa de serviços profissionais PwC, a expectativa para os próximos 30 anos é de que China e Índia ultrapassem os Estados Unidos, que hoje ocupa a primeira posição dentre as maiores economias. Outros países que devem figurar entre os dez maiores PIBs, segundo o mesmo estudo, serão Brasil, na quinta posição, e Rússia, na sexta.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Pensando Economia


Disputa na Baía de Sepetiba

O que são Externalidades e por que o Estado regula a economia?


O objetivo principal de qualquer empresa é lucrar. Para cumprir essa meta, empresários recorrem a diversas estratégias que podem afetar diretamente a vida da população. Sendo assim, o Estado deve se responsabilizar pela criação de formas de regulação econômica. Dentre as razões para a regulação do Estado estão as Falhas de Mercado (quando uma empresa monopoliza serviços, como transporte e fornecimento de energia) e as Externalidades (quando ações dentro de um mercado afetam indivíduos que não participam dele como compradores e vendedores). Falaremos a seguir sobre algumas medidas do governo em relação ao segundo exemplo.
É preciso ressaltar que as Externalidades podem ser positivas ou negativas. Quando um negócio de exploração de minérios se instala numa cidade ou bairro, ele pode gerar empregos naquela região. Isso seria uma ação positiva. Mas o mesmo negócio também pode perturbar regiões de preservação ambiental, o que seria um fato negativo. Uma das formas que as instituições públicas tem para coibir as consequências negativas e estimular as positivas é a criação de agências de regulação, como o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) que atua na proteção do patrimônio ambiental do Estado do Rio de Janeiro, bem como promover o desenvolvimento sustentável. Vejamos um exemplo:
A empresa de mineração MMX implementou, em 2012, o porto Sudeste nas imediações da baía de Sepetiba, abrangendo as regões de Itaguaí e Mangaratiba. A atividade de exploração, contudo é constantemente acusada pelos pescadores da região de poluir a baía, prejudicando a atividade comercial e a vida dos moradores.
Apesar do projeto relativamente recente, o local já sofre impactos há mais de 50 anos, quando a Companhia Mercantil Industrial Ingá se instalou ali. Estima-se que até a década de 80, a empresa despejava resíduos tóxicos direto na baía, quando foi obrigada a construir diques de contenção. Mesmo após falir em 1998, a Ingá não deixou de lançar cádimo e zinco na baía, que alcançavam o mar quando os diques de contenção se rompiam.
Segundo o oceanógrafo Julio Cesar Wasserman, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a estimativa é que haja concentrações de até 8 mg/kg de cádimo, e de até 4.000 mg/kg de zinco, que é no mínimo quatrocentas vezes mais alto do que o sugerido por organizações internacionais.
Para coibir desdobramentos dessa natureza, o governo criou em 2007, na forma de autarquia, o INEA, responsável por fiscalizar ações que agridam o meio ambiente, divulgar estudos e definir limites para impactos ambientais. No caso de empresas mineradoras, como a citada acima, as Externalidades causadas são em sua maioria negativas. Nem sempre as decisões dos órgãos são satisfatórias à população diretamente afetada. Desse modo, é preciso que as iniciativas de organizações civis, como Associação de Pescadores e Moradores se mobilizem para pressionar o governo e garantir seus direitos.